domingo, 22 de novembro de 2009



Bom-dia, meninas!! Como estão?

Acho que algumas de vocês eu vi ontem no encontro Lésbicas: escritoras brasileiras, que aconteceu na Livraria Cultura, no conjunto Nacional da av. Paulista, ontem (sáb.) às 16h.
Pôxa... foi muito legal, viu?! Muita gente, faltou lugar e senti que se ficássemos noite à fora o assunto renderia bastante.
Tenho uma preocupação sincera em ver, um dia, a literatura lésbica ser tratada como literatura séria, de qualidade, assim como a literatura feminina, a literatura negra, enfim, uma literatura específica que mostra de maneira séria suas especificidades.
Eu percebo, sinceramente, que estamos engatinhando em direção a esse objetivo, mas é o começo, tendo como ponto de partida eventos como o que tivemos.
Fazer o bate-papo lá na Livraria Cultura foi o máximo porque é um lugar de cultura, de pessoas inteligentes, cultas e, mas que isso, críticas, capazes de reconhecerem o que é bom e ruim para elas. Foi um prazer tentar passar um pouquinho o que fiz e o que pretendo fazer em termos de LITERATURA. Sei que tenho muito que aprender, mas o meu objetivo é tratar a literatura como ela deve ser: tem que ser trabalhada, estudada, sentida, antes de ser colocada no papel.

Um abraço enorme a todas as que compareceram e me receberam com um carinho tão imenso que não consigo colocar em palavras. Eu sinto o carinho e tentei transmiti-lo também.
Às pessoas que estão me lendo aqui, vai a boa nova: uma literatura lésbica está surgindo e espero que todas nós mostremos nossa vontade de consumir essa literatura e lê-la com olhos críticos pra que ela sempre melhore.

Um beijo grande e a gente se vê.
Mari Cortez.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Oi pessoas... como estão?

Eu bem, e correndo um monte... tanto que faz tempo que não posto, nem avisei vcs aqui que amanhã (21 de novembro) vai acontecer um evento legal na Livraria Cultura do conjunto Nacional.
Falaremos sobre ser lésbica, literatura lésbica, cultura lésbica... tudo para nós, numa tarde só nossa.
Quem estiver a fim, passa por lá, vamos fazer um programa interessante num sábado à tarde.

Depois passo por aqui e conto como foi.

Beijos, até.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Aquela das saias exóticas

Ela trabalha lá também.

Tudo começou quando entrei no elevador cheio numa manhã de verão qualquer. Eu a vi, ela me viu e abriu espaço para que eu entrasse. Eu era o limite de seis pessoas dentro daquele metro quadrado. Iria para o décimo quarto andar. Ela, não sei, só sei que respirava próxima ao meu pescoço e acho que senti seus seios nas minhas costas. Só tive tempo de olhar para os olhos quando entrei, estava atrasada, com instintos apressados mas os pensamentos lentos, não tive tempo de secar os cabelos nem de comer a fruta antes de sair de casa, estava sonolenta, mas, repentinamente meu corpo acendeu. Quando a porta se abriu, a do elevador, havia mais quatro pares de olhos me olhando, mas só o olhar risonho dela me chamou a atenção... e depois os seios roçando minhas costas, e a respiração que parecia acelerar, saía pelo nariz... Acho que senti seus seios meio tensos, mais tensos do que há um segundo. Estava intimidada. Intimidade, do latim intimãre ‘fazer penetrar em’. Era isso. Se fosse homem estaria de pau duro.

“Lincença, por favor.” – pediu o senhor de gravata, óculos, pasta e voz rouca de sono, quando o elevador parou no sexto andar.

Ficou mais folgado, mas ela não se mexeu, nem eu. Na verdade, mexeu-se sim, o suficiente para roçar um pouco mais e eu me fazia de parede, costas de parede para que ela não pudesse passar e continuasse respirando baixinho na minha orelha. Estava extremamente excitada às sete horas da manhã e agradeci aos céus não ter pênis para não ter de sair do elevador com ele totalmente enrijecido. Mulher pode ser tão mais discreta...

“Com licença...” – desceu mais uma e, quando passou por nós, ela segurou minha cintura como apoio para recuar. Quase tive uma síncope... devia estar mesmo necessitada.
Virei-me finalmente para ela, a fim de me certificar de que não estava sendo depravada, transbordante de pensamentos libidinosos. Não. Seus olhos risonhos acompanhavam um meio sorriso malicioso, só podia ser malícia ali, havia toda uma áurea maliciosa em torno daquela mulher linda, insinuante com discrição. Os óculos estavam pendurados entre o vão dos seios e a abertura da camisa branca. A saia, de uma estampa colorida exótica, dava mais volume e altura... ousadia, uma petulância.

— Bom dia. – cumprimentou-me, encantando-me com voz sensual e olhos convidativos. — Desculpa ficar tão grudada em você... foi o aperto. – continuou com o sorriso que se abriu junto ao meu, que começava a entender e tentava participar daquele jogo de palavras e sentidos.

Duas pessoas desceram no décimo. A porta voltou a se fechar.
— Não me incomodou. – olhei para sua boca de batom.
— Já te vi por aqui. Você é do financeiro, não é?
— Sim. Prazer, meu nome é...
— Ana Carolina. Já sei. – apertou minha mão com delicadeza, deixando-a em seguida, assim que a porta voltou a abrir no décimo segundo andar. — A gente se vê. Tenha um bom dia.

Desceu. E só tive dois andares para me recompor daquela situação.
Como aquela mulher sabia meu nome? Como subestimamos nosso poder de sedução inconsciente!

Eu já a tinha visto por alguns corredores e, naquele momento, dirigindo-me para minha mesa sem ouvir e, consequentemente, sem responder aos “bom dia” recapitulei episódios e pude lembrar que já nos esbarramos algumas vezes por aqui, já nos vimos, já nos olhamos, mas eu nunca a tinha enxergado.

Por quê?

Talvez porque eu não a tivesse encontrado às sete da manhã com um olhar tão receptivo, talvez porque no decorrer do dia minhas preocupações não dessem lugar a percepções sensoriais, subjetividades... Nossa! Que coisa! Que cega!

Mastiguei a ponta do lápis inteira e fui ao banco de dados. Décimo segundo andar: jurídico. Três departamentos: trabalhista, contratos, importação. Número de funcionários: vinte e seis. Ramal de alguém que me ajudasse: um, três, nove.

Perguntei quem era a ruiva, de olhos castanhos do jurídico que geralmente aparecia com umas saias lindas e tal.
— A Milena.
Milena.

Alguns dos meus dias giraram em torno de um possível encontro. No elevador, de preferência. Apertado, de preferência.
Mas, nada.

Até que um dia eu a vi no meu departamento, sentada diante da mesa do diretor, com alguns papéis nas mãos e outros sobre a mesa dele, esperando assinatura. Usava os óculos que decorava o decote que mostrava seus seios que roçaram minhas costas numa saudosa manhã de verão.

Observei-a até o momento em que ameaçou levantar-se. Fui pegar um café. Estava morrendo de vontade de tomar café.

Encontramo-nos no corredor, próximo ao elevador.
No primeiro instante pareceu um susto, mas logo revi nela aquele sorriso cheio da malícia daquela manhã. Retirou os óculos e me olhou intensamente.
— Como vai, Ana?
— Bem, Milena... e você? – não sei se ela sabia, mas também sei ser insinuante.
— Não pensei que soubesse meu nome.
— Também não pensei que soubesse o meu. – sorri tentando desviar meus olhos de sua boca, mas era como um ímã. — Estava indo tomar um café, vamos?
— Agora não posso. Trabalho... mas, como hoje é dia do nosso rodízio, poderíamos tomar o café fora da empresa.
— Como sabe que hoje é meu rodízio?
— Naquela terça, você só poderia estar naquele elevador às sete por causa do rodízio... ou é doente por trabalho?
Rimos e, mais uma vez, encantei-me com a surpresa que aquela mulher me causava.
Combinamos de nos encontrar no café em frente ao edifício depois do expediente.

Nossa vontade era urgente. Não havia muito o que dizer por meio de palavras se nossos olhares, sorrisos e corpos já tinham dito tudo. Fomos para um bar de lésbicas ali nas redondezas tomar uma bebida e continuar nos olhando e sorrindo e sentindo... Até que meus olhos grudaram na boca dela, e ela tirou os óculos e acariciou meu rosto... e me deu sua boca, seu beijo, seu desejo.

Imagina quanto tempo mais perderíamos se não fosse aquele dia de rodízio...

Mari Cortez
21-10-2009

sábado, 3 de outubro de 2009


Oi, pessoal!!Segue abaixo o link de uma matéria superlegal que saiu na revista IstoÉ da semana passada.
A seção "comportamento" trata da questão das lésbicas em busca de espaço próprio, independente dos homens gays. Elas (nós) mostramos cada vez mais que não somos apenas uma "comunidade ramificada", temos voz, postura, arte próprias e buscamos a valorização dessa identidade.
A polêmica é: gritando por identidade e afastando-nos (no bom sentido) dos homens gays estaremos nos isolando em guetos, ou, gritando por identidade e afastando-nos dos homens gays estaremos abrindo espaço para que as mulheres homossexuais tenham mais espaço para mostrar sua potencialidade.
Eu, particularmente, entendo que as lésbicas precisam ser "olhadas" com mais atenção pela sociedade, pois há mesmo uma postura de misturarem homens e mulheres homos no mesmo "saco" dos gays e cada gênero tem mesmo seu modo de agir no mundo e isso precisa ser respeitado, assim como acontece entre homens e mulheres heterossexuais. Porém, não sou adepta a nenhuma visão unilateral, radical, e não podemos criar uma "política separatista", pois temos também, homens e mulheres gays, interesses em comum... e ainda somos minoria, portanto, em alguns aspectos, precisamos ser unidos.
Enfim, cada uma de vocês tire sua conclusão. O importante é refletir sobre a ideia e sobre esse "movimento" que vem crescendo.
Logo abaixo a crônica da semana. Ficou parecendo "Você Decide" (programa falecido da Globo) e combinou com a matéria, pois lança pra vocês uma certa responsabilidade na decisão :-)
Beijos.
Mari
Com quem?

— E então?
— Então o quê?
— Você gosta, não gosta?
— De ficar com mulheres? Gosto, mas não sempre...
— Mas você está com alguém agora?
— Não, só ficando...
— Então...
— Então o quê?

Não era possível! Giovana estava me fazendo de besta. Com aquele olhão azul e aquela boca de Aline Moraes, estava se fazendo de desentendida de novo... É, não era a primeira vez. Não era possível que ela fosse burra, ela não era, eu sabia. Tirava notas boas nas provas mais complicadas de cálculo, e não escolheria fazer matemática se fosse burra. Matava aula e ainda se dava bem. Lá ia com o copo de vodka... e me deixava falando sozinha, de novo.

Eram nas matanças de aula, quando nos encontrávamos nos bares aqui perto da faculdade, que eu tentava, mas ela se fazia de tonta e eu não ficaria correndo atrás. Chega! Não era possível que ela não tivesse entendido que queria ficar com ela. Não queria casar, só ficar... Nada de mais, não precisava envolvimento. Se bem que, se tivesse... Diziam que ela era ótima, beijava bem pra cacete, tipo aqueles beijos inesquecíveis, que entravam na lista dos melhores de toda uma vida.

Não sabia o que acontecia. Não era feia. Sei que não era porque tinha espelho e porque já tinham me dito que era bonita, homens e mulheres. Era/sou inteligente, descolada, tinha/tenho emprego, era/sou limpinha, mas, enfim... ela não queria nada comigo. Ela sabia que era/sou lésbica, já tinha me visto beijando garotas na balada, até arrumou esquema pra mim na festa de aniversário da Gláucia.

Quando não estávamos em bares ou baladas ela se sentava, às vezes, próxima de mim na sala de aula. Puxava conversa sobre a matéria, falava dos professores, de trabalho, de coisas sérias. Ela me olhava como se estivesse conversando com seu médico (merda!) e eu toda derretida querendo atenção, mas não aquele tipo de atenção. De qualquer forma, ela também nunca disse com todas as letras “desencana, nunca vou beijar você.”, ficava sempre se esquivando, fugindo.
Parei. Tinha/tenho amor próprio.

E parei mesmo.
No começo foi difícil. Nas festas ficava longe, evitava até olhar para a roda em que ela sempre estava falando alto, gesticulando, gargalhando. Fui procurar minha turma. Nas aulas eu deixava que ela se sentasse perto, continuávamos discutindo as coisas sérias, mas tentava olhá-la como se estivesse conversando com a balconista do pet shop, totalmente impessoal. Fui me acostumando a isso e me desacostumando da presença dela.

Foi quando surgiu Cibele, uma caloura do curso de História. Bonita e cobiçada, inclusive por Giovana. Mas Cibele não quis Giovana, quis a mim. Ficamos juntas, estava gostando, talvez estivesse me apaixonando. Cibele era um amor, fazíamos programas incríveis juntas, nos divertíamos realmente. E sentia-me curada de Giovana.

Um dia, numa das festas em que sempre nos encontrávamos, eis a surpresa:
— Oi, Pati... tudo bem?
— Tudo, e com você? Desculpa, mas ainda não fiz aquele trabalho de cálculo...
— Imagina que vou discutir cálculo numa festa...
— E qual o outro motivo que te traria até mim?
— Teve uma época que você queria ficar comigo, lembra?
— Lembro... faz tempo...
— Então...
— Então o quê?
— Você está mesmo namorando sério a Cibele ou está só ficando?
— Ficando...
— Então...
— Então o quê?
E...
Bom, estamos juntas até hoje. Mais de cinco anos, e na mais pura fidelidade.
Com quem vocês acham que fiquei?

Mari Cortez.
30-9-2009.

terça-feira, 15 de setembro de 2009







Olá, meninas!

Depois de alguns meses (quase 3 pra ser um pouco mais exata...) coloco algumas fotos do debate que a editora Malagueta promoveu na Off Flip. Já escrevi aqui sobre a 1ª Conversa Lésbica Literária de Paraty logo que voltei e pude refletir sobre minhas impressões depois daqueles dias maravilhosos.

Mais uma vez digo, foi muito legal, valeu muito à pena... Todas as vezes que vejo as fotos fico animada com a possibilidade que temos de nos fazer vistas e ouvidas. Eu não gosto muito de uma atitude planfetária e tal (não é meio estilo), mas não tem como não se tornar torcedora da causa, assim como uma torcedora de time de futebol... e vestir a "camisa".

O debate teve seu ápice durante uma polêmica discussão: só uma lésbica é capaz de produzir literatura lésbica?

O que vocês acham?

Depois eu posso dizer, mas, primeiro de tudo, sou a favor de uma literatura de qualidade.

Depois podemos falar mais disso também...
Por enquanto vão as fotos. Nelas estão também a Karina Dias, a Laura Bacellar e a Lúcia Facco.

Espero que gostem.

Beijos,
Mari.

sábado, 12 de setembro de 2009

A carta


São Paulo, 16 de setembro de 2009.

Minha querida,

Hoje faz 3 anos que nos conhecemos.
Impressionante como o tempo voa e, ao mesmo tempo, parece que nos conhecemos ontem, tamanha a paixão que ainda me arde, tamanha é a minha vontade de você.

Lembra-se do primeiro dia?
Um nervoso...

Cheguei uns 3 minutinhos atrasada, mas você insiste em dizer que foi uma eternidade. Parei o carro e esperei você se aproximar, observava-a pelo retrovisor em pânico, mas com alegria, com aquela sensação de “é ela! Eu consegui...”. Como um prêmio? Um troféu? Sim... você é meu prêmio, é a personificação do meu amor.
Quando entrou no carro e me olhou, senti medo de perder o momento, quis agarrá-lo com desespero... mas você me agarrou antes, e me beijou... e vi borboletas e passarinhos verdes, azuis e amarelos sobrevoarem em círculo meu juízo.
Seus olhos penetraram os meus. Foi só o primeiro passo... depois eu já estava perdida pensando na melhor ocasião de dizer que estava apaixonada: na hora do sexo ou enquanto tomávamos o suco? Questões que hoje não tenho porque digo que te amo todos os dias, todas as horas, nos e-mails e no término das ligações.
Até parece que se tornou citação automática.

Mas não é.

Quando digo: “te amo” é porque o amor grita em mim, jamais será gratuito, será sempre com força pra você. E lembrar que num período de minha vida tive muita dificuldade em dizer “eu te amo”. Simplesmente porque não amava, agora amo e preciso dizer, pra que você sempre saiba.
O tempo passou/passa e o encanto, se não é o mesmo, porque já te conheço, o reencanto é constante porque você me surpreende nas pequenas atitudes do dia a dia. E eu amo isso.

Você larga as roupas espalhadas pela casa e penduradas pelas fechaduras das portas... Isso enche meu espírito de caos, que às vezes gera uma irritação que, dependendo da fase de TPM, se transforma num sentimento terno: “é mesmo uma criança...”, ou num sentimento de fúria: “Você não pode passar pelos lugares sem deixar o rabooo???”. Não importa, no fim tudo termina com um cheiro no pescoço.

Mas, como a vida não é feita só de flores, eu estou aqui e você aí.
Separadas.
O trabalho nos separa... e talvez seja justamente ele o responsável por nos fazer assim: sempre apaixonadas.

Faz quanto tempo que não nos vemos? Duas semanas? Acho que um pouco mais.
E justamente hoje, no dia do nosso aniversário, você recebe uma carta contando de maneira sucinta o nosso imenso amor... Uma injustiça do destino me deixar longe do seu sorriso e de suas pernas que se prendem nas minhas na hora de dormir. Injusto eu aqui morrendo de vontade e você aí assistindo seriado no canal de TV a cabo (mas provavelmente morrendo de vontade também).

Eu poderia largar tudo e ir...
Talvez, se você for até a janela...
... E olhar para baixo...
... talvez encontre um pontinho preto (estou de camiseta preta) olhando para cima com a testa franzida, afinal olhar para 15º andar e encontrar um par de olhos amarelos é difícil.


Te amo.
Sua Duda.

Depois que terminou de ler a carta, Júlia aproximou-se da janela e olhou para baixo. Lá, na calçada, do outro lado da rua, Duda sorria erguendo alto um buquê de flores do campo.
Duda subiu e as duas passaram o fim de semana comemorado o 3º aniversário de namoro.

Mariana Cortez
16-09-2009


Oi, meninas!

Como estão?!! Sol aqui na terra da garoa...

Estou neste fim de semana colocando as coisas em ordem, finalmente, depois de um tempo em que tudo era prioridade e as coisas que gosto tanto de fazer estavam ficando de lado, de lado, de lado... Agora acho que consigo acompanhar melhor minha escrita. Escrever com vontade, sem tanta pressão... com responsabilidade... com gosto e tesão.

Vou dar mais atenção para o blog. Aqui é meu espaço, aqui eu faço do meu jeito, faço dele a minha casa, com minha cara. Apesar de não ter muita (nenhuma) intimidade com as linguagens da web (designer) posso expor aqui mais à vontade, deixar o registro do que me vem à cabeça e posso preparar, despretensiosamente, um espaço pra vocês. Afinal, pra quem escrevo?

Quero, de verdade, dar mais atenção às pessoas que hoje me conhecem e querem ler o que escrevo porque leram o que eu escrevia antes.

Sei, vejo e participo de um "movimento" que tenta colocar o público LGBT na mídia, nos meios de comunicação, nos meios intelectuais. Vejo sites, blogs, portais, uma editora... (ainda muito pouca coisa) lutando para oferecer a esse público material de qualidade... e quero fazer parte disso.

Aos poucos as coisas estão acontecendo e tenho certeza que logo teremos uma vasta variedade de bom material para nós, lésbicas, para todo o público LGBT.

Beijo.
Mari.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O carro ao lado

Tati estava parada no farol vermelho.
Estava com um braço sobre o volante e o outro apoiava-se na janela, que sustentava sua cabeça pendente, esperando, ainda sonolenta, o farol verde acender.
Ouvia rádio, mas nenhuma música em especial, apenas ocupava os ouvidos e, para os olhos, tinha o céu azul com horizonte claro e sem nuvens de uma manhã calma, quase bucólica... Era sábado sete e meia da manhã, a maioria das pessoas dorme até mais tarde, menos Tati, menos a pessoa do carro ao lado... menos todos os carros que cruzavam a estrada sob o sinal verde, subindo a serra em direção à capital.
Quando o farol abriu, Tati acelerou, mas um louco, provavelmente ainda carregando resquícios da bebedeira de sexta-feira, cruzou seu caminho e ela brecou. Agradeceu ao céu azul não ter confundido o freio com o acelerador, agradeceu estar com o cinto de segurança, mesmo que ele quase a tenha asfixiado. O carro que estava ao lado buzinou longamente, como que gritando, e brigando, e xingando... E foi o fim da manhã bucólica de sábado.
Tati assustou-se. Mesmo estando trêmula por conta do inconsequente, estava mais abalada com o escândalo da buzina que veio feito tiro do carro ao lado. Na verdade, ao lado quase atrás, ou seja, ele (o carro) nem corria o risco de ser atropelado pelo ridículo.
Não conseguiu ver quem dirigia o automóvel robusto, grande, que, depois de berrar, passou por ela após uma breve buzina. Tati entendeu que aquela buzina era uma fala mais mansa, talvez amigável. Talvez o grande carro tivesse tomado suas dores... afinal seu carro era tão pequeno. Sorriu meio sem graça e retribuiu a breve e simpática buzina.
Entraram na estrada, finalmente misturaram-se aos demais carros. A velocidade lá era maior, e Tati estava com pressa. Justamente o carrão que berrou e passou por ela estava atrapalhando sua corrida rumo à aula.
Informações sobre Tati: fazia curso de crítica de cinema aos sábados pela manhã e, durante a semana, trabalhava como cenógrafa. Estava numa fase de querer abraçar o mundo, já que ninguém lhe abraçava...
Tentou ser paciente correndo atrás do carrão, esperando que ele se tocasse e fosse para a faixa da direita, a faixa dos lerdos, ou melhor, a faixa daqueles que não querem estar no limite máximo da velocidade permitida. Encostou um pouco mais, quase ao ponto de ser tão inconsequente quanto o bêbado, pensou em lhe dar farol alto, mas não poderia ser indelicada com o carro que a defendeu daquele outro carro preto, com suspensão rebaixada e cara de mau.
Carro tem cara?
No trânsito carros são pessoas. Há os bonitos, feios, capengas, estilosos, metidos, velhos porém charmosos, os educados, grosseiros, perigosos, amigos... enfim, no trânsito alguns códigos definem o tipo de motorista com o qual se está lidando.
O carrão, aparentemente amigo, deu-lhe passagem; ligou a seta e vagarosamente mudou de faixa. Tati o ultrapassou com seu carrinho mil, mas nem parecia menos potente, já que acabara de colocar o gigante para escanteio.
Cantarolou a música, deu uma olhada na vista de montes verdes e céu azul. Colocou os óculos escuros e olhou pelo retrovisor. O carro grande estava a uns cinco metros atrás dela e não fazia menção de ultrapassá-la. Só estava lá, atrás dela. Tati pensou em sentir medo, afinal, o que aquele carro queria? Por que não a ultrapassava e seguia seu destino? Esses pensamentos passaram a atormentá-la. Tati começou a trocar de faixa para testá-lo, “quem sabe ele não acelera e vai embora”, mas ele só acelerava para não perdê-la de vista.
Em um determinado momento acelerou para ficar exatamente ao seu lado.
Tati queria que o carro abaixasse o vidro para que ela pudesse ver quem dirigia, mas o vidro negro permanecia suspenso e ela realmente começou a ficar com medo. “As pessoas andam tão loucas...”.
No fim da rodovia, pegou uma via expressa e perdeu de vista, no meio de tantos carros, o tal grandão. “Ainda bem...”. Entrou na multidão e a passos, ou melhor, a marchas lentas seguiu a caminho da faculdade distraindo-se com as notícias do fim de semana.
Mas sua tranquilidade não durou muito: misteriosamente o carrão surgiu e pediu com sua buzina “cafa” para Tati o deixar entrar na sua frente. Tati deixou, mas já fazia manobra para entrar na fila ao lado. Não deu certo porque, assim que trocou de faixa o farol avermelhou e ela se viu, novamente, ao lado daquele carro apavorante.
A distância entre os dois era mínima e Tati se preparava para gritar, chamar a polícia e buzinar no congestionamento até que todos aqueles carros tivessem toda a atenção voltada para ela... e aí nada aconteceria.
O vidro do carrão abaixou e Tati fechou os olhos, tamanho era seu medo de ver quem estava ali. Abriu um deles e viu.
Era uma morena estonteante de óculos escuros e um sorriso capaz de parar exatamente aquele trânsito.
Tati abriu o outro olho... e a boca também... e ficou sem saber o que fazer.
— Oi, tudo bem?
— Oi...
— Desculpa a loucura, mas é que já vi esse carro antes, no casamento da Gabriela, semana passada e... a mulher que entrou nele depois da festa era maravilhosa... Era você, não era?
— Eu conheço a Gabriela... e fui ao casamento, mas..., ..., ...
O sinal verde acendeu e os carros que estavam atrás delas começaram a buzinar desesperadamente. A morena simplesmente jogou algo pela janela, que caiu sobre o colo de Tati, e saiu em disparada. Era um celular.
Tati quase não prestou atenção na aula esperando o aparelho tocar. Depois das onze tocou e elas combinaram de se encontrar após a aula, num restaurante, para começarem a se conhecer de verdade.

Mari Cortez
1-9-2009
Quem é lésbica?

Quem é lésbica assumida?
Quem é lésbica assumida mais ou menos?
Quem é lésbica no armário?
Quem é lésbica enrustida?

Se fôssemos somar todas essas categorias, acho que um terço das mulheres do mundo, hoje, são gays.
Quantas amigas não se “assumem” depois que você conta quem é? Quantas, vez ou outra, dão uma declaração bombástica depois de algumas cervejas, do tipo: “a Angelina? Nossa! Até eu pegaria!!”

Pois é, as pessoas que habitam esse mundo louco são uma incógnita, e acho legal elas serem assim, pois nos reservam surpresas que tornam nosso dia a dia muito mais emocionante.

Eu me encaixo no “sou lésbica assumida mais ou menos”, mas, pelos indícios que tenho, acho que por pouco tempo (logo mais subo para a primeira categoria). Pensando bem nas categorias que listei acima, acho que já fiz parte de todas elas... e agora, finalmente, estou chegando ao topo! Isso é ser bem resolvida?!

Quando estava na categoria “sou lésbica no armário”, fiz a confissão para minha mãe que se tornou meio “traumática” para mim, mas subi para a categoria “sou lésbica assumida mais ou menos”. A partir daí resolvi escolher as pessoas que merecem compartilhar intimamente da minha intimidade (como, por exemplo, saberem qual é minha orientação sexual).

O tempo passa e relaxo cada vez mais, pois fica cada vez mais claro para mim que sou maior de idade (há algum tempo já), que cumpro com todas as minhas obrigações sociais (mesmo que não concorde com várias delas), que sou muito bem casada e feliz, certamente muito mais resolvida do que muitos dos meus amigos heteros. Outro ótimo ponto é que percebo as pessoas menos preconceituosas e isso é determinante, me enche de fé e esperança na humanidade.

Bom, de qualquer maneira, resolvi, para meu próprio bem, ser discreta e não contar a torto e a direito com quem gosto de estar na cama.

Acontece que é difícil manter uma discrição quando uma das primeiras perguntas de alguém que não te conhece e quer conhecer é: “Você tem namoradO?” É nesse momento que começam as saias justas, o momento crucial de se assumir e passar para a primeira categoria ou descer um degrau e voltar a estar no armário.

Por que não perguntam: “qual o filme que marcou sua vida?” ou “qual é seu signo e ascendente?”. Não, elas sempre querem saber se sua relação sexual está em dia (como um carnê da felicidade). Será que isso é coisa de brasileiro? Talvez a Antropologia explique.

Enfim, quando a pergunta fatal é feita eu já tenho computada minha pesquisa sobre a fulana: é curiosa, é indiscreta e fofoqueira? Geralmente sim, porque uma fulana discreta é sempre sutil na abordagem para investigar sua vida sexual.

No meu trabalho há os dois tipos de fulanas. Dia desses uma delas me ofereceu uma grata surpresa, me fez pensar no quanto as pessoas são mesmo curiosas, mas também no quanto estão mais abertas a “aceitar” com naturalidade o que temos a dizer.

Fomos almoçar juntas depois de uma discussão desgastante sobre trabalho. Estou recente na empresa, ainda no processo de reconhecimento do terreno em que piso. Comecei a conversa ainda falando sobre prazos e problemas, mas logo fui desviada com a justificativa mais do que justa de que em almoço não se fala de trabalho:
— Escuta, você vem de tão longe todos os dias... Que coisa louca morar no litoral! Subir e descer a serra todos os dias!
— Pois é... mas não é mau. Sento na minha poltrona do fretado e vou lendo ou dormindo, garanto que mais confortável do que vocês nesse trânsito absurdo da capital.
— Isso é verdade. Mas, por que você faz isso? Seus pais são daqui, não são?
— Sim. É que mudei de vida, fui morar com uma amiga...
— Mas, ela é sua namorada, não é? Pois só amando muito alguém sobe e desce a serra todos os dias em vez de alugar um apê aqui perto...
— É..., ..., ...
— Ah! Então tá! Que legal!! Vocês tem filhos?

Saiu. Contei e não me pareceu a bomba largada que faz as pessoas engasgarem com o suco nem ficarem vermelhas sem conseguir te encarar. Foi natural e me senti à vontade, e feliz por perceber que o mundo muda e a cabeça das pessoas também. É ótima a impressão (cada vez mais comprovada) que algumas pessoas me passam de que a vida que tenho é minha e faço dela o que bem entender sem que meu caráter e meu desempenho profissional estejam em julgamento.

Essa pessoa, tenho quase certeza, é o retrato de uma sociedade mais madura no que se refere a aceitar o outro como ele é.

Tenho certeza também de que logo mais nenhuma lésbica precisará ser “mais ou menos”, nem estar no armário... nem ser enrustida, pois chegará o momento em que amaremos simplesmente e a pergunta será: “você tem namorado ou namorada?”.

Mari Cortez
19-08-2009

sábado, 18 de julho de 2009

Crônicas, contos e viagens

Olá, pessoas!! Tudo bem?!!
Estou postando aqui também as crônicas, contos, viagens que posto lá no Livre Arbítrio.
Assim eu alimento o blog que, às vezes, fica tão abandonado. (mas leio todos os comentários, ok?!!).
Logo abaixo há todas os textos que venho publicando lá.
E... logo acima, daqui a pouco, postarei um resumo do que contei na Off FLIP, que foi maravilhosa nos dando a oportunidade de marcar presença da Literatura Lésbica na Festa Literária Internacional de Parati.

Foi só a 1ª Conversa de Literatura Lésbica de Parati. Tenho certeza de que ano que vem bombará novamente.

É isso, meninas. Sei que o Twitter faz muito mais sucesso que os blogs (que ficaram ultrapassados), mas aqui ainda é divertido... e escreve-se mais... Bom, espero que continuem vindo até aqui. É sempre um prazer.

Até maissss!!! Beijos.
E obrigada sempre.
Mari Cortez.
Linda Rosa

Carol estava de canto, observando encantada a aposta de provável revelação da nova MPB. Talentosíssima a pequena de calça xadrez, tênis e camiseta com uns rabiscos estranhos. Era meio desengonçada, não parecia muito à vontade em cima do palco sem estar cantando... Voz forte, intensa, cheia de paixão ou dor ou ódio, dependendo da ocasião e letra.
Bonita, sorridente a tal cantora... Poderia ser marketing – simpática nos seis primeiros meses e antipática no restante da carreira –, mas parecia timidez, o sorriso talvez fosse a defesa que dá charme aos artistas que repudiam o assédio excessivo. Mesmo se defendendo era sedutora... seu olhar, seu tipo não-tô-nem-aí, sua voz calma e pausada, sua canção, sua emoção. Carol observava fora da órbita terrestre enquanto a amiga, bem mais atirada, trocava palavras atropeladas com a tal revelação assim que o show, para uma dúzia de pessoas, terminou.
— Carol, vem aqui conhecê-la... – chamou a amiga com um gesto apressado de mão, como se a tal de camiseta rabiscada fosse um bicho exótico. Carol sentiu-se cair na real e estremeceu ao perceber o momento de aproximar-se dela.
Saiu do seu canto trôpega dirigindo-se lentamente a ela, que a encarou com olhos grandes e meio-sorriso envaidecido, daqueles que não querem mostrar o quanto.
— Ela é super sua fã, já sabe todas as músicas. – entregou Carol de bandeja, ardida por dentro e desnudada diante daquela pessoa que se vestia de artista e se transformava numa deusa, num ser ideal, mesmo que em trajes humanos... Carol não entendia o porquê do encanto, talvez fosse por causa de sua voz de veludo, talvez por ser tímida e, mesmo assim, expor-se, contando com a possibilidade de transformar aquele público de uma dúzia de pessoas de hoje em centenas, milhares delas amanhã.
— Obrigada. É maravilhoso saber que alguém sabe minhas músicas... pensei que só eu soubesse cantá-las... – sorriu apertando forte a mão da abobada fã e roçando levemente seu rosto no de Carol, na representação de um breve beijo. Carol arrepiou-se e todos seus pensamentos minimamente dizíveis evaporaram com o nervosismo e com a busca por algo inteligente para dizer. Qualquer coisa que dissesse naquele exato momento soaria como a vontade de tê-la só para si, para que cantasse exclusivamente em seu ouvido... Respirou fundo e tentou conter a força do deslumbramento. Tomou coragem para olhá-la cuidadosamente e percebeu que traços mínimos e particulares de seu rosto jamais seriam vistos pela tela de uma TV ou à distância de um palco. Queria aproveitar aquela chance de desvendá-los ao máximo.
— Minha preferida é Linda Rosa. – disse finalmente sorrindo como pode, após ouvir com horror o som de sua voz trêmula.
— É uma das minhas preferidas...
Quando sentiu-se apta a continuar, uma louca surgiu com o celular suspenso por uma das mãos, solicitando a atenção total da estrela para uma declaração no jornal que sairia amanhã: “Eles querem saber qual sua cor preferida e por quê”. Arrastou a cantora para fora dali... e Carol quase despencou-se. Quando a adrenalina chega ao topo da emoção e despenca, é preciso segurar-se forte, pois o chão foge dos pés (quem precisa de montanha russa?).

Carol saboreou aquele momento de diversos ângulos. Aguçava o olhar da memória para se lembrar detalhadamente do rosto, das covinhas que se formavam quando pretendia sorrir, do olhar que talvez (só talvez) dizia coisas que sua timidez não permitia que dissesse por meio de palavras sem música.
Buscava a cantora pelos sites, blogs, google, rastreava seus passos e tornava-se íntima sem que ela soubesse. “Todos os fãs tornam-se ‘íntimos’ de seus ídolos, e eles nem imaginam...”. Onde foi que a ouviu pela primeira vez mesmo? Alguém indicou, disse que era a voz de uma sereia... Carol foi atrás, pesquisou, baixou músicas, comprou o CD, decorou o encarte, cantarolou todas as faixas grudadas em sua mente, aquelas letras diziam tantas coisas... “como alguém pode cantar tão bem o que sinto?!”.
Depois de criar o ideal, entristecia e achava-se uma adolescente tola, apaixonada por uma pop star teen, capaz de colar pôsteres na parede do quarto em frente à cama e elaborar fantasias antes de dormir... “Ela nem se lembra de mim...”.
Acompanhando a agenda alternativa da cantora, descobriu que, no mês de suas férias universitárias, ela cantaria na Off Flip (Festa Literária Internacional de Parati, para os menos “visados” pela grande mídia). Enfiou apressadamente coisas na mochila, pegou o ônibus do Rio à cidade histórica. Simplesmente foi, sem pensar nos pormenores que uma viagem exige: esqueceu os óculos, o pijama, a escova de dente, o colírio, o fone de ouvido, uma troca a mais de roupa... Não importava, estava feliz com a oportunidade de vê-la novamente, de saber que aquelas covinhas no rosto que ela tem não seriam vistas pela maioria das pessoas que estivesse lá, mas Carol sabia que elas existiam quando ela ameaçava sorrir. Se sua amiga atirada soubesse o tamanho de seu deslumbramento... mas há sentimentos que precisam estar guardados bem dentro, divulgá-los é transformá-los em algo comum e, assim, frágil, e o que Carol sentia era forte demais... o tesão, a fantasia... queria curtir com ela mesma, ou dividir tudo isso com a culpada, se ela quisesse, se ela a notasse naquele bar apertado com poucos fãs e muitos boêmios que queriam apenas comer e beber ouvindo um som ao vivo.

A provável empresária estava lá com o celular suspenso: “Fala aqui com a revista...”, algumas garotas tão atiradas quanto sua amiga, que ficou no Rio, furavam o cerco e derramavam sorrisinhos mal intencionados para a bela cantora, que sorria defendendo-se de tanto assédio e agradecia. “Ela diz pra todas o que disse pra mim”, pensava a enciumada Carol tomando sua cerveja sozinha, sentada numa das mesas.
A artista cantou seu canto encantador e Carol esqueceu o ciúme para cantar junto baixinho. Todos os presentes, aos poucos, suspenderam o burburinho e deixaram-se enfeitiçar pela voz, letra e melodia: “agora tanta gente sabe quem você é...”. Todos boquiabertos e calmos, como se estivessem hipnotizados pela leveza do som e pela beleza da pessoa sentada sobre o banquinho que emitia aquele som.
Cantou a última antes do bis.
Sorriu vitoriosa. Já não era o sorriso tão tímido e, percebendo isso, Carol sentiu que precisava agir antes que a cantora descambasse para o mundo dos inacessíveis. A adrenalina subiu e: “Canta Linda Rosaaaa!!!”. Sua voz ecoou e a cantora encontrou seu olhar. Começou a dedilhar o violão enquanto as pessoas do bar a aplaudiam, menos Carol, que oferecia seus olhos cheios de lágrimas.
Era a música de sua vida.
Cantou junto como se fosse sua declaração de amor. Estava feliz por ter feito um pedido... e ter sido atendida.

Fim de show.
Pessoas se amontoando ao redor da cantora que, há uma hora, era apenas a provável animadora de um bar da Off Flip. Revelação. A cantora era mesmo um sucesso.
Carol levantou-se, desviou-se de toda aquela gente e dirigiu-se ao caixa para pagar sua bebida. Não tinha mais o que fazer ali. SUA cantora estava rodeada por pessoas que mal a conheciam: “Eu a conheço... desde o começo”.
Estava na porta de saída quando um dos garçons, correndo, aproximou-se dela.
— Pediu pra te entregar e pra você esperar um pouco ali perto do bar.
Era uma rosa vermelha.
Voltou-se para a multidão e, naquele momento, foi Carol quem encontrou o olhar dela.
Pegou a flor, cherou-a com olhos fechados e seguiu o garçom de volta ao bar. Ficou esperando aquela roda de fãs se dissipar com um meio-sorriso nos lábios...


Mariana Cortez
15- 07-2009
Depois do sexto minuto...

Eu era da turma há anos, mas, como ela era grande, tinha afinidades com uns e menos com outros. Saía sempre com a Fabi, a Luana, o Julio e a Mariana.
A Mariana..., ..., ...
Pois é... a Mariana... Eu era apaixonada por ela. Uma paixão platônica, totalmente. Éramos amigas. Não as melhores porque não sou tão cruel comigo mesma, mas o suficiente para estar por perto.
Ela namorava a Fabi, muito gente boa... A Fabi eu conheço desde adolescente, estudamos no mesmo colégio e eu a adoro. Supergentil, engraçada... é atriz de teatro. Tem todo o jeito pra isso. Tem um jeito de olhar, um sorriso de personagem de novela, mas é simplesmente Fabi e seu carisma.
Seu jeito combinava com o da Mari, que é superatenciosa, superbem-humorada, superamiga de todos... superlinda. Eu a conheci numa balada, a Fabi a apresentou: “Essa é a Mari de quem tanto falei.” Estavam as duas lindas de mãos dadas, tão felizes que os olhos faiscavam amor. Os meus também faiscaram, mas foi depois do sexto minuto de conversa. Que amor era ela! Que bem articulada, que sorriso constante, que olhos que encaravam com desprendimento, que gestos largos que complementavam sua fala que vinha de maneira tão intensa, e viva. Linda!
Ela se deu bem com todo mundo e todos se “apaixonaram” por Mariana, mas acho (e apenas acho) que ninguém se apaixonou como eu, com a vontade de querê-la por perto constantemente, pra tocá-la, tê-la pra mim... Mas ela era namorada da minha amiga: “Namorada de amiga minha é homem...”
Péssimo, eu sei, mas tinha de ser assim.
Então, colocava-me no meu lugar de observadora minuciosa, que se precavia pra não carregar a paixão tão explícita nos olhos; não estragaria a amizade que tínhamos, curtiria o tempo que fosse necessário aquele sentimento terno até que eu pudesse transferi-lo para um amor concreto.
Às vezes ela me chamava: “Sofia!”
Adorava. Não dava na pinta, óbvio, fingia que qualquer uma me chamava, mas meu coração sorria toda vez que sua voz se dirigia a minha adrenalizada pessoa.
Uma conversa que nunca esqueci:
— Sofia, você sabe o que significa seu nome?
— Dizem que significa sabedoria.
— É, já ouvi dizer, mas prefiro o outro significado...
— Qual?
— Que Sofia é o lado feminino de Deus.
Não me lembro se comentei alguma coisa... só me lembro de uma leve vertigem em decorrência da fala que instigou as borboletas que borboleteavam em meu estômago. Naquele momento, meus olhos vazaram paixão (contida na lágrima que escapou, mas ela não viu) e eu saí de mim. Só consigo me lembrar dela dizendo isso com imensa calma quando estávamos sentadas na areia com o pessoal, à noite, ao redor de uma fogueira. A maioria cantava e bebia, e nós conversávamos, e eu viajava... e me apaixonava... Ela não tinha a mínima noção do quanto era especial pra mim.
Anos depois daquela conversa, a galera alvoroçou no MSN, orkut, nos e-mails. A fofoca era: “Fabi e Mariana não estão mais juntas.” Li várias “discussões” a respeito, mas não me meti e não soube o que senti ao saber daquilo. Elas eram tão boas juntas, nunca as vi brigar, nunca presenciei um mísero mal-estar entre elas... Foi um choque saber que até um casal assim se separava um dia.
Depois de lê-las como manchete de fofoca barata, encontrei Fabi no teatro. Ainda estava se sentindo estranha, disse que ainda não sabia muito bem o que fazer com os momentos do seu dia que, antes, continham Mari. Explicou-me que o encantamento havia passado, que os olhos não brilhavam mais quando se olhavam, mas ainda existia muito carinho e amizade.
No dia seguinte encontrei a outra versão no supermercado: “A Fabi sempre vai fazer parte da minha vida, só que, agora, de outra maneira...” Mariana até reagiu bem quando soube que a ex estava saindo com a nova colega da companhia de teatro.
Soubemos que a cia. lançaria uma nova peça e fomos todos convidados para a festa na casa do tal diretor.
Em meio à música, a bebidas e muitas pessoas, encontrei Mari numa roda de amigos, peguei uma cerveja e sentei-me de frente pra ela. Ela sorriu levantando o copo pra me cumprimentar à distância.
As pessoas conversavam, riam e se iam, deixando-me a sós com Mari. A sós com tanta gente ao redor empunhando cotovelos, cheiros e vozes... mas me sentia sozinha com ela e, pela primeira vez, tomei a iniciativa da conversa:
— Sabe qual o significado de Mariana?
— Não... qual é?
— Quer dizer querida, amada...
— Ultimamente não estou me sentindo muito amada...
— Você sempre será muito amada...
— Pelos meus amigos?
— Não...
Quando diria “por mim”, aquele mesmo pessoal que nos deixou, voltou como o furacão que varreu minha coragem. Chegaram com copos de bebida pra nós duas e muitas gargalhadas vindas de um acontecimento que queriam nos contar.
Não aguentei ficar ali após quase me declarar pra mulher que amo há anos. Senti-me desorientada, sem graça, sem chão. Senti como se eles tivessem retirado de mim a única chance de dizer.
Disfarcei mal e saí da sala desesperada pelo ar da noite lá fora.
Segundos depois senti a mão de Mari sobre meu ombro.
— O que você ia dizer?
Olhei-a e, como naquele dia, quando tivemos aquela conversa, meus olhos vazaram paixão e... amor, amor por ela ter saído de dentro daquela casa e estar ali olhando pra mim luminosa.
— Ia dizer que sou apaixonada por você. Faz tempo... Sempre fui, desde o sexto minuto em que te conheci.
Ela me olhou e seu brilho também vazou, e me abraçou com força. Senti meu coração sorrir e eu sorria também porque ter aquele abraço era tudo o que eu queria ter naquele momento.

Mari Cortez
1-07-2009


Exame de madureza

Um dia a gente cresce.
E a ficha cai. Seja diante do espelho observando um rosto que não parece o seu, seja reparando que as brincadeiras que antes lhe faziam rolar de rir, agora, nem lhe causam cócegas, seja no momento crucial em que você está numa roda animada de adolescentes debatendo entusiasticamente sobre música e, quando questionada sobre suas bandas preferidas, cita três que ninguém daquela turma conhece... É, amiga... o tempo passa.
Provavelmente já passamos ou passaremos por isso, exceto aquele ser que estaciona no ponto 18 de sua linha do tempo e passa uma vida inteira sem admitir que não é mais um aborrecente.
O meu divisor de águas foi uma casa noturna que frequentei durante anos, sempre com a sensação maravilhosa de que era a primeira vez que ia. Era minha balada, meu lugar. Foi lá que me alfabetizei musicalmente, foi lá o berço da minha “educação cultural”: sons, imagens, estilos, papos, bebidas, amigos, danças, confusões, beijos, dúvidas, paixões, decepções, risadas, descobertas, idealismos, flertes, traições... uma infinidade de conteúdos humanísticos indispensáveis para a formação de pessoas legais como nós.
Sentia-me adulta, capaz de decidir minha vida naquele lugar em que eu estava só e com todo mundo. Todos no mesmo barco, “guerreiros da noite”. Incrível estar longe de pai e mãe ou responsável maior de 30 anos. Sentia-me glamorosa com o copo de vodka na mão enquanto viajava ao som de... deixa pra lá. Quando me faltava companhia, arriscava-me por ruas escuras a fim de chegar lá custe o que custasse. Muitas coisas poderiam acontecer na minha ausência, minha presença era imprescindível.
Segunda-feira era o dia ideal para combinar a sexta depois da novela das oito (quem passa na casa de quem?). A terça, quarta e quinta eram dias para aprimoramento do esquema: roupas, telefonemas, armações, quem encontrar, quem evitar...
18, 19, 20, 21 anos na mesma rotina excitante e angustiante... aquele sofrimento para ele/ela ir, para ele/ela me olhar, conversar comigo, me escutar, dançar, ser enlouquecidamente feliz ou triste. Tudo ou nada num mísero fim de semana.
Mas um dia acaba. Não sei se tudo, mas as casas noturnas fecham para darem lugar a outras... ou a postos de gasolina, motéis, igrejas...
Acabou. E aquela turma indissolúvel se dissolveu, e vazou para tantos ralos... Cada ser devidamente “educado” naquele antro do “saber paralelo” tomou seu rumo. Bom ou ruim cada um sabe de si.
Três anos após o fechamento da casa, uma insurreta decidiu convocar os mesmos “guerreiros”, que naquele momento tinham 21, 22, 23, 24... para uma “nova” inauguração (“que bom será reviver aquele tempinho...”).
Fui.
Vesti meu jeans, meu all star, minha blusinha estilosinha e minha bolsa transversal. Torci para reencontrar o mesmo clima, a turma em boa forma para outros fins de semana de “guerra”. Reencontrei-os numa roda em que se destacavam os vestidos de noite, os saltos-altos, as maquiagens pesadas. As roupas mudaram, mas as piadas continuavam as mesmas. “Amadureceram as roupas, mas as ideias...”
Não achei graça.
Eu, ali, vestida como a jovem de 18, 19, 20, 21 anos, ouvindo conversas que já não me atraíam. “Amadureceram as ideias, mas as roupas...”
Caiu a ficha: eu não fazia mais parte daquele universo.
Desculpei-me, virei as costas e saí em direção ao ponto de ônibus mais próximo. Corri para alcançar o último da noite. Cheguei em casa, abri a porta, passei pela sala na ponta dos pés, assim como fazia nos fins de madrugada quando voltava da balada. Tirei minha roupa e mergulhei nos cobertores que já estavam sobre a cama.
Estava feliz, feliz por estar ali, feliz por ter feito o que me deu vontade. Feliz por ter aceitado, numa boa, que uma fase de minha vida havia terminado e outra começado sem que eu nem tivesse reparado.
Dormi bem. Acordei disposta. Vesti meu jeans, meu all star, minha camiseta e fui trabalhar.

Mari Cortez
17-06-2009

Nostalgias

Era segunda metade da década de 1990.
Luísa tinha uns dezoito, dezenove anos, iniciava sua carreira em... ainda não sabia.
Havia terminado o ensino médio e, chocada com a realidade, batalhava incansavelmente pelo emprego que um dia, talvez, lhe desse a chance de cursar faculdade (qualquer uma).
Acordava cedo para trabalhar. Entrava sempre no mesmo ônibus sonolenta, sentava-se próxima à janela, do lado direito, terceiro banco depois da catraca. Vinha vazio, mas transbordava na metade do caminho para o centro da cidade.
Depois que se sentava, passados dois pontos, ela subia...
Luísa não sabia muito bem o que a atraía... nem era tão bonita... Tinha traços finos, nariz um tanto arrebitado, moldurado por bochechas que denunciavam sua luta contra a acne. Ostentava um belo cabelo ondulado e, provavelmente, colorido artificialmente. Era esguia... talvez seu corpo tivesse chamado a atenção de Luísa, talvez o modo como ela agitava as ondas de seu cabelo...
A menina impressionou tanto que a outra passou a esperar ansiosamente pelo ônibus às sete horas de toda manhã. Já não acordava desanimada pela luta diária, ocupava-se mais com sua aparência. Não que fosse feia, mas também não era linda... era comum e isso, muitas vezes, dificultava o desafio de ser notada. E havia outro agravante: Luísa era tímida.
Observava discretamente a menina... estudou e decorou suas expressões, suas roupas, seus gestos. Um dia ela encontrou uma amiga e sentaram-se atrás do banco em que Luísa estava. Luísa apurou os ouvidos e descobriu que a menina tinha nome: Cris. Poderia ser Cristina, Cristiane, Crisantina, não importava... agora o encantamento de Luísa tinha nome.

Um momento realmente especial aconteceu quando, num dia atípico, o ônibus abarrotou e Cris teve de ficar de pé ao lado de Luísa, que estava sentada. A coxa dentro do jeans de Cris roçava, vez ou outra, o ombro dentro da jaqueta de Luísa. Foi o desencadeamento da paixão. Olhou ruborizada para cima e perguntou num fio de voz se Cris não gostaria que ela segurasse sua bolsa, afinal o ônibus estava tão cheio...
Trocaram quatro palavras: obrigada, imagina!, obrigada, de nada!
A voz. Luísa saboreou a voz durante dias.
Porém, o ápice da paixão se deu quando Cris sentou-se ao seu lado.
Luísa sentiu calor, fingiu naturalidade, mexeu em alguns papéis dentro da bolsa, pensou numa possível introdução de conversa... mas pensou tanto que chegou seu ponto no outro lado da cidade. Pediu licença: obrigada, de nada!
Remoeu, desmontou, virou do avesso o acontecimento: talvez ela tenha percebido; talvez ela tenha notado que ela era diferente dos outros naquele ônibus; talvez ela tenha achado Luísa atraente, ou simpática; talvez.
Depois de reconstruir o acontecimento, Luísa decidiu que, se Cris se sentasse no mesmo lugar novamente, introduziria um assunto ou faria um comentário inteligente a respeito do tempo ou do trânsito.
Na manhã seguinte arrumou-se melhor ainda, irritou-se com o cabelo que não ficava do jeito que ela queria. Ensaiou o que diria e a expressão fisionômica que faria... Mas Cris não subiu no ônibus naquela manhã, nem na seguinte, nem na outra...
Luísa procurou por Cris durante muito tempo, em todos os pontos, na ida para seu trabalho e na volta dele.
Nunca mais reviu Cris.

Mudou de emprego, fez faculdade, mudou de emprego, fez pós, mudou de emprego, comprou um carro, mudou-se de cidade, casou-se.

Semana passada estava a passeio na casa de seus pais e foi ao shopping com sua esposa. Entrou numa loja de calçados a fim de comprar um tênis para seu pai. Olhava os modelos do mostruário, pegava-os, rodava-os nas mãos até que alguém veio lhe atender: posso ajudar?
Luísa virou-se e esbarrou na presença e nas palavras de Cris. Não sentiu mais do que uma nostalgia gostosa. Ouviu com carinho a explicação de Cris sobre o melhor modelo de tênis para caminhadas. Luísa levou o que considerou melhor. Foi ao caixa acompanhada por Cris, pagou, olhou-a com um sorriso satisfeito: obrigada, de nada, volte sempre!

Mari Cortez
03-06-2009

No mundo cabem todos nós

Estava conversando esses dias com uma amiga sobre o “boom” homossexual.
Ela, desde sempre muito engraçada e espirituosa, contou-me que, após um jejum amoroso de anos, chamou sua filha adolescente para comunicar-lhe algo muito importante:
— Senta aqui que preciso te contar uma coisa. É importante.
A menina tirou os fones de ouvido, enrolou a goma de mascar mastigada num pedaço de papel de rascunho e foi sentar-se junto à mãe.
— Filha, estou namorando.
Introduziu o assunto esperando alguma reação imediata que não veio, portanto, sentiu-se encorajada em continuar.
— É um homem. Filha, eu sei que nos dias de hoje é estranho, é difícil, mas estou tendo um relacionamento heterossexual.

A cena ilustra um fenômeno moderno: a extinção dos heteros.
Opa! Brincadeira. Óbvio que não.
O que minha amiga quis dizer, de uma maneira muito bem-humorada, é que parece estranho ser “convencional” nos dias de hoje, em que uma parte da população finalmente decidiu mostrar que o “convencional” não atende às necessidades de todos, que somos todos tão iguais e tão diferentes.
Sem entrar profundamente na questão do preconceito (não quero fazer dessas linhas um discurso panfletário), acho que entendi o que ela quis dizer.
De repente, para ela (que viu na TV clipes em que mulheres se beijam, que ouviu dizer que o amigo do amigo apresentou seu namorado numa festa, que passou pela Paulista e viu, de relance, uma das maiores paradas gay do mundo), ser gay é simplesmente uma questão de moda, é febre que a maioria adere como se adere a uma roupa ou a um estilo de música. Depois que passa, volta-se ao “normal”.
Na minha modesta opinião, acho que os heteros têm medo de dividir espaço com pessoas que começam a expor seus gostos, modos e costumes para o mundo, acho que eles pensam que ser gay contagia, que se clipes, outdoors, novelas e paradas continuarem mostrando o quanto os gays são legais, assim como os héteros são, vão todos aderir ao “movimento”.
Não tenham medo. O que passamos no momento não é febre, nem pega. Passamos por uma transição, a transição da visão “convencional” para a visão ampla, diversa. Estamos a caminho da igualdade (mesmo sabendo que para a igualdade ainda há um longo caminho), lugar em que as pessoas amam sem precisar rotular seu amor e sem se preocupar com rótulos que possam colocar nele.
Não se assustem, heteros, no mundo cabem todos nós.

Mari Cortez
11-05-2009
[1] O que é ser convencional? Depende... assunto longo para outra discussão...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Olá, pessoas!

Em meu recente processo de re-sair da toca, quero contar que estou publicando, periodicamente (15 em 15 dias), alguns textos num novo site destinado a nós: é o Livre Arbítrio (www.livrearbitrio.net). Um nome sugestivo, que instiga uma dissertação, mas hoje não... hoje vou apenas dizer que uma crônica minha está lá, na seção Happy Hour.
Também estou postando, novamente, contos que já foram lidos por muitas de vocês.
Recolocarei-os lá para quem não os leu e, para quem já leu, deixo para que releiam e assim eu tenha tempo de postar um inédito. Por enquanto está lá o Reaprendendo o Amor.

Espero sinceramente, com alegria, que este site seja um referêncial, que as pessoas o leiam, divirtam-se e conversem sobre assuntos cotidianos, polêmicos ou não... enfim, um espaço nosso, um lugar onde encontrar papos legais. Espero voltar aqui no blog pra contar que ele está bombando. Veremos.

Meu livro inédito ainda não saiu... ainda estou esperando como quem espera um filho. Muita paciência, paciência de gestação.

Beijos, meninas... obrigada sempre.
Mari.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Olá, meninas!
Faz um tempão que não dou as caras por aqui e acho que muito pouca gente me lê no blog porque, de certa forma, o abandonei.
Estava escrevendo. Um outro livro...
No começo senti o peso de tentar "superar" o O Acaso nos Alcança, o romance que me trouxe até aqui e que me fez conhecida de vocês, mas, depois, acho que consegui criar uma outra atmosfera com esse novo livro... com novas personagens e situações que também levarão a vocês emoção, já que é isso que nós, leitoras, procuramos quando corremos para o mundo paralelo das histórias.

Uma prévia dele será dado na FLIP 2009 (Festa literária internacional de Paraty). Uma honra lançá-lo num evento tão importante... e isso me faz pensar – e me dá forças – que tenho obrigação de trilhar um caminho legal como escritora de histórias lésbicas e levar para as pessoas uma literatura séria, destinada a um público diferenciado, exigente.

O livro virá ao mundo pelas mãos da editora Malagueta, editora que publica livros exclusivamente para o público lésbico. Foi difícil fazer com que meus textos fossem olhados por uma mídia diferente da internet, mas acho que agora vai... tenho certeza de que a Malagueta veio para tapar essa brecha e lançar autoras interessadas em debater essa literatura.

Tudo começou no GLS Planet, no Xana in Box... foi lá que conheci o poder das mulheres que amam mulheres, mulheres que me receberam com tanto carinho... que me criticaram, elogiaram, enfim, que aprimoraram meu trabalho. Agradeço todas vocês e lanço o convite, para que eu possa comemorar uma linda vitória com vocês, minhas queridas leitoras e amigas.

Beijos. Vou tentar vir aqui mais vezes!
Mari Cortez.

1a. Conversa Lésbica Literária de Paraty na OFF FLIP 2009

Na tarde de sábado, as autoras Karina Dias, Mariana Cortez e Lúcia Facco, assim como Laura Bacellar, a editora responsável pela Malagueta, vão conversar sobre literatura lésbica. As escritoras contarão os segredos de construção de suas personagens, como lidam com as expectativas das leitoras e apresentarão suas obras e o que estarão lançando em breve.

O evento é gratuito e aberto aos interessados em literatura de e para mulheres homossexuais.

1a. Conversa Lésbica Literária de Paraty

Sábado, dia 4 de julho, a partir das 15h30

Pousada Villa Del Rey
Rua Cinco, 2, Portal de Paraty (próximo ao trevo de entrada da cidade)
Tel.: (24) 3371-7568, Paraty, Rio de Janeiro
editora@editoramalagueta.com.br
www.editoramalagueta.com.br