São Paulo, 16 de setembro de 2009.
Minha querida,
Hoje faz 3 anos que nos conhecemos.
Impressionante como o tempo voa e, ao mesmo tempo, parece que nos conhecemos ontem, tamanha a paixão que ainda me arde, tamanha é a minha vontade de você.
Lembra-se do primeiro dia?
Um nervoso...
Cheguei uns 3 minutinhos atrasada, mas você insiste em dizer que foi uma eternidade. Parei o carro e esperei você se aproximar, observava-a pelo retrovisor em pânico, mas com alegria, com aquela sensação de “é ela! Eu consegui...”. Como um prêmio? Um troféu? Sim... você é meu prêmio, é a personificação do meu amor.
Quando entrou no carro e me olhou, senti medo de perder o momento, quis agarrá-lo com desespero... mas você me agarrou antes, e me beijou... e vi borboletas e passarinhos verdes, azuis e amarelos sobrevoarem em círculo meu juízo.
Seus olhos penetraram os meus. Foi só o primeiro passo... depois eu já estava perdida pensando na melhor ocasião de dizer que estava apaixonada: na hora do sexo ou enquanto tomávamos o suco? Questões que hoje não tenho porque digo que te amo todos os dias, todas as horas, nos e-mails e no término das ligações.
Até parece que se tornou citação automática.
Mas não é.
Quando digo: “te amo” é porque o amor grita em mim, jamais será gratuito, será sempre com força pra você. E lembrar que num período de minha vida tive muita dificuldade em dizer “eu te amo”. Simplesmente porque não amava, agora amo e preciso dizer, pra que você sempre saiba.
O tempo passou/passa e o encanto, se não é o mesmo, porque já te conheço, o reencanto é constante porque você me surpreende nas pequenas atitudes do dia a dia. E eu amo isso.
Você larga as roupas espalhadas pela casa e penduradas pelas fechaduras das portas... Isso enche meu espírito de caos, que às vezes gera uma irritação que, dependendo da fase de TPM, se transforma num sentimento terno: “é mesmo uma criança...”, ou num sentimento de fúria: “Você não pode passar pelos lugares sem deixar o rabooo???”. Não importa, no fim tudo termina com um cheiro no pescoço.
Mas, como a vida não é feita só de flores, eu estou aqui e você aí.
Separadas.
O trabalho nos separa... e talvez seja justamente ele o responsável por nos fazer assim: sempre apaixonadas.
Faz quanto tempo que não nos vemos? Duas semanas? Acho que um pouco mais.
E justamente hoje, no dia do nosso aniversário, você recebe uma carta contando de maneira sucinta o nosso imenso amor... Uma injustiça do destino me deixar longe do seu sorriso e de suas pernas que se prendem nas minhas na hora de dormir. Injusto eu aqui morrendo de vontade e você aí assistindo seriado no canal de TV a cabo (mas provavelmente morrendo de vontade também).
Eu poderia largar tudo e ir...
Talvez, se você for até a janela...
... E olhar para baixo...
... talvez encontre um pontinho preto (estou de camiseta preta) olhando para cima com a testa franzida, afinal olhar para 15º andar e encontrar um par de olhos amarelos é difícil.
Te amo.
Sua Duda.
Depois que terminou de ler a carta, Júlia aproximou-se da janela e olhou para baixo. Lá, na calçada, do outro lado da rua, Duda sorria erguendo alto um buquê de flores do campo.
Duda subiu e as duas passaram o fim de semana comemorado o 3º aniversário de namoro.
Mariana Cortez
16-09-2009